
Em reforma há dois anos o prédio do Teatro Deodoro está chegando próximo de sua reabertura, mas essa não foi só mais uma reforma e sim uma grande restauração e modernização da mais simbólica edificação da cultura alagoana.
Fechado em janeiro de 2008, após a emissão de um laudo do Corpo de Bombeiros detectando que problemas estruturais em seu telhado poriam em risco a vida de seus frequentadores e funcionários, decidiu-se realizar uma série de obras visando basicamente 04 pontos: segurança, resgate de seus traços originais, conforto e modernização. Em abril do mesmo ano iniciou-se as obras que tratavam da troca das antigas telhas de zinco e amianto, impróprias para uma casa de espetáculos, por telhas termo-acústicas, além de troca das madeiras que o sustentavam por uma estrutura de ferro e aço, além da troca de toda a instalação elétrica.
Mas um dos pontos mais significativos, foi o resgate de suas cores originais, ou mais próximo disso, devido a uma série de prospecções, como relata a arquiteta e restauradora do Pró-Memória, diretoria ligada a Secretaria de Estado da Cultura, Ana Cláudia Magalhães: “As prospecções foram realizadas por profissionais habilitados na área da conservação e da restauração de bens culturais, de forma mecânica, através de bisturi cirúrgico. O exame estratigráfico apresentado, bem como os demais que foram feitos em várias áreas do monumento (paredes, forros, esquadrias, colunas e demais elementos componentes), se trata de uma análise das diversas camadas de tinta que foram aplicadas sobre a superfície de alvenaria, madeira ou, nesse caso específico, ferro. O que mais chamou a atenção da equipe do Pró-Memória foi a variação de tons encontrados, que condiz com as informações do diretor do teatro, o qual, segundo ele, já teve seu interior colorido”, explicou a arquiteta.
Esta já é tida como a maior e mais completa reforma do Teatro Deodoro nos seus quase 100 anos, justamente pela proposta de restaurar seus traços originais. “Embora já tenha sofrido algumas intervenções restaurativas, não temos conhecimento de ter sido feita alguma investigação mais aprofundada sobre a questão da pintura. Por isso, os técnicos envolvidos na obra atual e a istração do teatro decidiram investir nos exames estratigráficos, etapa muito importante e imprescindível para a determinação adequada das cores a serem utilizadas na pintura do monumento. Com a conclusão dos tais exames, foi feita a relação dos resultados encontrados com uma paleta disponibilizada por uma fabricante de tintas de modo a facilitar a seleção das tintas a serem aplicadas no prédio”, explica Ana Cláudia.
A cor interna do teatro que prevalecia era o vinho dos carpetes e cadeiras, que agora foi trocada pelo creme em tom pastel, numa referência a cor das cadeiras da época da inauguração, que eram de palhinha para que oferecesse mais conforto, já que não havia ventilação artificial e a palha ajudava para que o público não sentisse calor devido a transpiração nas costas. Segundo a Diretora do Pró-Memória, Adriana Guimarães: “Na Diretoria do Pró-Memória não temos qualquer registro de que algo desse nível tenha sido realizado anteriormente”.
Para o Diretor-Presidente da DITEAL, (Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas, responsável pelos Teatros Deodoro e de Arena Sérgio Cardoso): “Muitos que aqui vierem, poderão estranhar as cores atuais, mas são cores que não foram ‘inventadas’ e sim fruto de muito trabalho de pessoas como o restaurador Mário Swenson, que atua em Alagoas desde 1995, e que recuperou igrejas em Penedo, Marechal Deodoro e Porto Calvo, e das arquitetas do Pró-Memória. Estamos anciosos para entregar à população o Teatro Deodoro que está ando por um momento de restauro e modernização, como o sistema anti-incêndio e anti-pânico, que inclui os pára-raios, e até mesmo do novo carpete que é anti-chamas, tudo para preservá-lo, e para isso contamos com o trabalho da arquiteta da DITEAL, Marta Nogueira, que foi quem acompanhou cada o da reforma.”, finalizou.