
Quando deveriam ser chamados de formandos da faculdade de artes para a especialização criminal? É impressionante como no Brasil muitos projetos revestidos das melhores intenções não am de máscaras. São até bonitos, têm uma bela fachada teórica com a falsa aparência da beleza ideal, dentro da nossa habilidade na arte da enganação. É um comportamento infantil em querer transformar uma situação caótica em uma realidade que está além das nossas possibilidades.
A propósito do título acima, torna-se irritante continuarmos a ouvir falar em reeducando quando os meios de comunicação, especialmente a televisão, a mostrar imagens de superlotação dos presídios que transformam homens em feras espremidas como em uma lata de sardinha. Mesmo assim, com toda clareza dessa fotografia dantesca, ouvimos a insistência de alguns em chamá-los de reeducandos, como se fossem cegos ou avessos à verdade dos fatos.
É bem verdade que a nossa população carcerária, a terceira ou quarta do mundo, em tono de seiscentos mil indivíduos, torne-se completamente impossível, no todo, transforma-los, de fato, em reeducandos. Mas, deixando de lado o todo, partindo para o relativo, pergunta-se: quantos presídios pelo Brasil afora, põem em prática atividades que possam adquirir conhecimentos ou habilidades profissionais que possam reintegra-los ao convívio da sociedade? Como tudo tem um início, o começo é o primeiro e pequeno o que aos poucos se agiganta para atingir seu objetivo. Onde está, pelo menos, esse começo? É o total descaso.
Seria bom, numa visão humanitária, que houvesse um grande percentual de recuperados, bastando, para tanto, um mínimo de condições para reintroduzi-los no convívio social. Longe de pensar em conforto ou prisões cinco estrelas dos países nórdicos, com escasso contingente carcerário. Aquele que delinqui deve sofrer na proporção do crime praticado e para que possa sentir o valor da liberdade e dos demais valores humanitários.
Voltando ao título acima, não bastasse a longínqua possibilidade de ressocializar o preso, o sistema prisional responsável deixa de fazer o possível de suma importância para recupera-lo, isto é, não juntar indiscriminadamente autores de grandes e pequenos delitos nas mesmas celas. Toda opinião pública sabe disso. Por que não acontece? Desprezo pela condição humana. Afinal de contas, não a de um rebanho animalesco de inferior qualidade, sem PO e, como tal, não merece outro destino senão o campo de concentração em que vive.
Partindo dessa bagunça, bom seria, em nome da seriedade, que não se falasse em reeducandos a quem, carente de um horizonte capaz de vislumbrar um mínimo de esperança de ter uma vida digna e humana, está condenado, numa disfarçada pena de morte, dentro ou fora do presídio, a viver no inferno até o fim de seus dias.