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Alagoas

Polícia já tem suspeito da morte de ex-advogado de Collor em Brasília

A delegada Martha Vargas, que investiga a morte do ex-advogado do presidente Fernando Colllor, José Guilherme Villela, da mulher dele, Maria Carvalho Villela, e da empregada da família, Francisca Silva, já tem um suspeito do crime. A polícia faz diligências em todo o Distrito Federal à procura do possível autor do triplo homicídio. A delegada já ouviu pelo menos sete pessoas no inquérito, mas não revelou os nomes para não atrapalhar as investigações. Como não havia sinais de arrombamento, a poícia acredita que o crime foi cometido por uma pessoa próxima da família. O desaparecimento de joias leva a polícia a trabalhar com a hipótese de roubo seguido de mortes (latrocínio).

– Foi uma ação bárbara, de uma pessoa louca, que não tem noção do que é a vida humana. Matou três pessoas por causa de joias.Vamos trabalhar 24 horas por dia para encontrar o autor – disse a delegada.

O enterro acontece nesta terça-feira, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.

Os corpos dos três, em avançado estado de decomposição , foram encontrados no apartamento do casal, na Asa Sul de Brasília, na noite desta segunda-feira.

Villela, 73 anos, foi o primeiro advogado do ex-presidente Fernando Collor de Mello no processo que respondia no Supremo Tribunal Federal (STF) e também atuou na defesa do então presidente no julgamento do processo de impeachment no Senado. Era também ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde atuou de 1980 a 1986.

Segundo a delegada Martha Vargas, um levantamento preliminar indicou que diversas joias da família foram roubadas. Elas estavam num closet do apartamento. Não havia sinal de arrombamento no local, que fica no sexto andar do Edifício Leme, na Asa Sul de Brasília. Por isso, a polícia suspeita que o assassinato tenha sido cometido por pessoas que conheciam a família. Entre os investigados estão empregados e prestadores de serviço.

– Aparentemente a pessoa teve o com facilidade ao apartamento – disse o secretário de Segurança do Distrito Federal, Valmir Oliveira.

– Presume-se, a princípio, que seja uma pessoa que tenha convivido de forma direta ou indiretamente com a família – afirmou a delegada.

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Os corpos foram identificados por parentes que estavam em busca de notícias do advogado.

Foi uma neta do casal que avisou a polícia. A delegada informou que ela começou a achar que alguma coisa errada poderia estar acontecendo porque Villela não teria ido trabalhar na sexta-feira. Como não conseguiu falar com os avós por telefone, foi até o apartamento.

O porteiro do prédio, Francisco José Filho, contou que, sem conseguir resposta, chamaram um chaveiro para abrir a porta. Quando entraram encontraram os três corpos. O porteiro diz que estava de plantão na noite de quinta-feira e viu o advogado chegar em casa por volta de 23h, tranquilamente.

Segundo a delegada, as três vítimas foram mortas a facadas. Dois corpos estavam entre o corredor de serviço, que dá o à cozinha da residência. O outro, da proprietária do imóvel, estava vindo dos quartos em direção ao hall entrada do apartamento. Uma faca, que teria sido usada pelos criminosos, foi encontrada no apartamento.

De acordo com a delegada, que evitou dar detalhes antes de toda a perícia ser feita, pouca coisa havia sido revirada no local antes da chegada dos policiais. Apenas o closet onde estavam as joias estava revirado.

– Eu não posso falar nada ainda. Vamos esperar a perícia terminar – disse Martha.

O casal morava no mesmo prédio há cerca de 25 anos e era considerado bastante calmo pelos vizinhos. Todos os dias pela manhã, os dois saiam para caminhar.

O porteiro disse à polícia que há câmeras de segurança nas entradas do prédio, mas não nos andares. Segundo informações, os equipamentos não gravam imagens.

– É lógico que, se tivéssemos a filmagem das pessoas entrando e saindo do prédio, a nossa investigação seria muito mais fácil. Infelizmente, isso não aconteceu porque as câmeras daqui não gravam. Só filmam você ando – disse a delegada.

Mineiro da cidade de Manhuçu, José Guilherme Villela foi para Brasília nos anos 60. Foi procurador do Tribunal de Contas do DF e ministro do Tribunal Superior Eleitoral na década de 80. Como advogado, além de defender Collor, atuou no processo do mensalão.