×

Negócios/Economia

Fome diminui em todas as regiões do País, diz IBGE

A fome diminuiu em todas as regiões do Brasil, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (23). Segundo o levantamento, as maiores reduções foram no Sudeste e no Norte. No sudeste, os alimentos eram insuficientes para 43,4% das famílias em 2003. Em 2009, essa taxa baixou para 29,4%. No Norte, caiu de 63,9% para 51,5% no mesmo período.

Mesmo assim, 35,5% das famílias ainda vivem em situação de “insuficiência da quantidade de alimentos consumidos”. Mas as despesas com alimentos diminuíram no orçamento das famílias. Caíram de 34% para 20% dos gastos de consumo em 34 anos. Famílias do Sudeste ainda gastam mais que as do Nordeste (quase o dobro).

A pesquisa, que comparou a POF 2008-2009 com a POF 2002-03 e o Estudo Nacional da Despesa Familiar (Endef) 1974-75. E constatou ainda uma melhoria na relação entre as despesas e o rendimento das famílias. Em 2002-03, os 85,3% das famílias com os menores rendimentos tinham, em média, despesas superiores ao que recebiam mensalmente. Já em 2008-09, eram os 68,4% com os menores rendimentos que estavam nessa situação.

Era de quase 207% a diferença entre a despesa média mensal de famílias em que a pessoa de referência possuía menos de um ano de estudo, para aquelas com a pessoa de referência tendo 11 anos ou mais de estudo. Mas houve expressiva redução dessa disparidade: na POF 2002-03 ela era cerca de 400%.

O estudo mostrou que a família brasileira gasta, em média, R$ 2.626,31 por mês. E as do Sudeste gastam mais (R$ 3.135,80), quase o dobro das famílias do Nordeste (R$ 1.700,26) que têm a menor despesa. Desigualdade semelhante é encontrada entre a despesa média nas áreas urbana (R$ 2.853,13) e rural (R$1.397,29).

Já o rendimento médio mensal do País alcançou R$ 2.763,47 e a renda proveniente do trabalho é responsável por 61% desse total. Os programas de transferência de renda equivalem a 18,5% do rendimento do brasileiro, revela a POF 2008-2009, com destaque para as aposentadorias e pensões governamentais que, em 2008/09, representaram mais de 80% das transferências, sendo 55% provenientes do INSS. Já os programas sociais federais, como o Bolsa Família, representaram 3% das transferências.

A pesquisa confiram ainda que as desigualdades regionais permanecem: o menor rendimento pertence a região Nordeste, com valor de R$ 1.764,62 e é quase a metade do mais alto, no Sudeste, de R$ 3.348,44.

As desigualdades entre as despesas também aparecem quando há diferença de gênero. Nas famílias chefiadas por homens, a despesa mensal é quase R$ 600 maior. Segundo a POF, se acentuou a diferença de valor das despesas mensais entre famílias chefiadas por pessoas brancas e negras. Enquanto a despesa média do brasileiro é de R$ 2.626,00, a de famílias cuja pessoa de referência (que respondeu a pesquisa) era branca, o gasto era 28% maior, de R$ 3.371,00. Também era 89% superior às despesas de famílias de negros (R$ 1.783,00) e 79% maior que a de pardos (R$1.885,00).

O peso dos principais grupos de consumo nas despesas familiares mudou bastante desde os anos de 1970. A alimentação, por exemplo, teve queda acentuada entre 1974-75 (33,9%) e 2002-03 (20,8%), mantendo a redução até 2008/09 (19,8%).

Na área rural, as participações da alimentação também foram se reduzindo, respectivamente, de 53,2% para 34,1% e, depois, para 27,6%. Nos mesmos períodos, o peso da habitação cresceu de 30,4% para 35,5% e, depois, para 35,9%. Sua evolução rural foi mais significativa: de 17,8% em 1974-75 para 28,7% em 2002-03 e 30,6% em 2008-09.

O IBGE visitou cerca de 60 mil domicílios urbanos e rurais, entre maio de 2008 e maio de 2009. Há dados sobre despesas, rendimentos (monetários ou não) e variação patrimonial, além da avaliação das famílias sobre as próprias condições de vida.