
Edu os, idealizador do projeto, empolgado com apresentação deste domingo
Único projeto premiado no Nordeste com I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, do Ministério da Cultura, “Dança Afro-Brasileira nas escolas”, sob a responsabilidade do dançarino, professor e coreógrafo, Edu os, deu origem ao espetáculo de dança afro “Oní Xé a Àwúre”, tem estreia prevista para este domingo (10), às 20h, no palco do Teatro Deodoro.
Em uma breve entrevista, os fala sobre o projeto que será também apresentado nos bairros de Maceió, de forma gratuita. O projeto premiado realizou oficinas de dança afro em escolas públicas da capital, envolvendo 60 jovens.
Keyller Simões – Como surgiu a ideia do projeto?
Edu os – Surgiu quando eu li o Edital do I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileira, promovido pela Fundação Cultural Palmares, Teatro, Dança e Artes Visuais. Aí tive a ideia de fazer um projeto onde eu aplicava oficinas de Dança Afro-Brasileira em duas escolas da rede pública de Maceió, para alunos do Ensino Médio. Queria formar multiplicadores da dança afro-brasileira e o produto final das oficinas seria a montagem de um espetáculo de dança afro para ser apresentado em lugares abertos na periferia de Maceió. Para minha felicidade o meu projeto foi o premiado na categoria Dança – Região Nordeste.
KS – Como se deu a seleção dos jovens?
EP – Primeiro escolhi as escolas: a Escola Estadual Alberto Torres, situada no bairro do Bebedouro, e a Escola Estadual Professor Theonilo Gama, situada no bairro do Jacintinho. ei em todas as turmas do Ensino Médio explicando o que era o projeto e como ia ser desenvolvido, fiz o convite a todos e aguardei a presença deles no sábado dia 8 de maio de 2010, dia em que iniciei as oficinas.
KS – Quais foram as maiores dificuldades até aqui?
EP – No início foi à resistência de alguns alunos que não sabiam o que era dança afro. Sempre ligavam à dança afro à macumba, até que foram conhecendo e entenderam a proposta. E depois os espaços físicos das escolas, para as oficinas de dança. Não havia salas preparadas para aulas de dança.
KS – E a seleção para participar do espetáculo como aconteceu?
EP – Aconteceu naturalmente, já que todos que participaram das oficinas ficaram para o espetáculo. Até porque durante as oficinas já estávamos trabalhando com eles a montagem do espetáculo. Aqueles que não continuaram saíram por vontade própria.
KS – Do que se trata o espetáculo?
EP – O espetáculo tem o título ONÍ XÉ A ÀWÚRE (Senhor que faz com que tenhamos boa sorte), baseado na Lenda de Oxalufã, de Pierre Verger. Mas a nossa preocupação foi montar o espetáculo na contemporaneidade, não levar para o palco os elementos do sagrado do candomblé. A lenda conta a história de Oxalufã (Oxalá), que queria visitar seu filho Xangô. Oxalá consulta o seu Babalaô, que diz para ele, que não era uma época boa para ele fazer aquela viagem, pois se fizesse ia lhe acontecer vários incidentes durante a viagem. Oxalá que era teimoso faz a viagem e acontecem vários aborrecimentos durante o percurso e ele acaba sendo preso no Palácio do seu próprio filho, Xangô. Xangô em uma consulta com o seu Babalaô, descobre que o homem que está preso no seu Palácio é seu pai, ele ordena que o soltem e prepara uma grande festa para Oxalá.