
Um professor universitário de Pernambuco foi uma das 13 vítimas do vietnamita que abriu fogo dentro de um centro de ajuda a imigrantes, e depois de suicidou, nos Estados Unidos. O crime foi na sexta-feira (3), numa cidade do estado de Nova York.
Filho de agricultores do interior de Pernambuco, Almir Olimpio Alves, de 43 anos, cresceu num engenho e foi o único entre cinco irmãos a chegar à faculdade.
Doutor em matemática, professor da Universidade Federal do Estado, chegou aos Estados Unidos em setembro do ano ado para fazer o curso de pós-doutorado na Universidade de Binghampton, uma pequena e pacata cidade a 220 quilômetros de Nova York.
Alves estudava dentro do centro que auxilia imigrantes e refugiados a se integrarem à sociedade local.
A reportagem conversou por telefone com uma amiga de Almir Alves que também faz curso de doutorado em Binghamton.
A brasileira Cristina Salviano contou que todos os dias, das 9h ao meio-dia, Almir praticava conversação em inglês na Associação Cívica Americana, onde aconteceu o massacre, na última sexta-feira. Segundo Cristina, um policial foi à casa dela na noite de sábado (4) comunicar oficialmente a morte do brasileiro.
O autor do massacre foi o imigrante vietnamita Jiverly Vong, de 41 anos.
Desempregado e se sentindo humilhado por não conseguir falar inglês corretamente, ele invadiu o prédio da associação com duas armas e atirou em quem encontrou pela frente. Matou 13 pessoas e, segundo a polícia, se matou em seguida.
As vítimas eram de oito países: China, Vietnã, Estados Unidos, Haiti, Paquistão, Filipinas, Iraque e Brasil.
Segundo a polícia, Almir Alves morreu na hora.
Em Carpina, interior de Pernambuco, Márcia Pereira Lins Alves recebeu na noite de sábado a notícia da morte do marido.
“Ele dizia que era o grande sonho dele. Mas que não seria o último. Que cientista precisava estar sempre estudando. Eu iro muito ele porque ele era um menino pobre, de engenho, que venceu. Sempre estudando em escola pública, sempre”, diz Márcia.
Os dois eram casados há 17 anos e têm um filho adolescente.
A viúva ainda não decidiu quando o corpo será levado para o Brasil.
“Eu acho uma desumanidade tremenda, porque uma pessoa boa, que foi lá estudar pra trazer coisas novas pro nosso país e chegar um desequilibrado, comete uma loucura dessa. Isso por quê? Lá eles vendem armas abertamente. É muito difícil. Ele saiu daqui tão feliz e voltar dessa forma”.
Almir Olímpio Alves trabalhava como professor do departamento de Matemática da Universidade de Pernambuco (UPE), em Nazaré da Mata, na Zona da Mata do Estado. Ele estava nos Estados Unidos desde setembro de 2008 e voltaria ao Brasil em julho deste ano.