Embora se trate de um assunto sério pela gravidade de seus resultados perniciosos aos interesses da comunidade, a desonestidade na istração pública grassa de forma tão corriqueira em manchetes diárias nos meios de comunicação, que a indignação perante a mesma não tardará a dar lugar ao embotamento da sensibibilade ao indiferentismo e à resignação pela ineficácia punitiva aos meliantes envolvidos.
Surpresa para uns, não tanto para outros, encontrando-nos no primeiro grupo, a propósito da nota estampada no topo da primeira página do Jornal Extra de 30 de outubro do ano em curso, a informação de que o prefeito de Penedo é recordista em Processo de Improbidade.
É bem verdade que entre nós, por razões óbvias, basta alguém tornar-se político para automaticamente ser considerado um ladrão. É um erro, naturalmente, pelas raras exceções que existem. Relativamente ao nosso prefeito, fato que nos causou surpresa, foram apontadas, com documentos, situações que caracterizam improbidade e outras irregularidades que trazem a tona um misto de descaso, ingenuidade, hilaridade e ignorância a respeito do emprego do dinheiro público. As cabeludas justificativas para doação de recursos a falsos necessitados, tem origem na Secretaria de Ação Social que teve e tem na atual gestão como titular a poderosa mulher do prefeito. Onde já se viu doar dinheiro para uma endividada pagar débito a agiota! Agiotagem é crime. Em vez de doar, porque não a encaminhou a assistência judicial. Não seria o ganancioso agiota amigo da secretária ou do prefeito? Quem sabe! Como ter a coragem de dizer que a filha de um ex-prefeito é pobre na forma da lei? É muita frieza e cinismo!
Tivemos curiosidade de somar as irregularidades apontadas no artigo do citado Jornal, excluído o caso do FUNDEF. Totalizaram um pouco mais de vinte e quatro mil reais, quantia própria a satisfazer um reles batedor de carteira. Temos de convir, no entanto, que os casos narrados são apenas uma pequena amostragem das peças do baú da infelicidade para nós e deliciosa fruição por parte dele. As notas frias e o superfaturamento, o filé mignon da farra, essas fantasias de luxo autorizam a mudar de patente, deixando de ser um mero soldado raso, equivalente a um batedor de carteira, para o de generalíssimo milionário da esperteza sofisticada, vestido com esmerada elegância do colarinho branco e a indispensável cartola para fazer a mágica de desaparecer o dinheiro da platéia penedense. Infelizmente, não podemos reprimir nossa imaginação e apontá-la para outra direção. Pouco importa o valor para caracterizar o crime, quando claro ficou o dolo para a apropriação dos recursos do município. Aquele que é fiel no pouco, é também no muito e vice-versa.
Nada corrompe mais do que o poder. Até o mais comum dos homens, ando a exercê-lo, transforma-se num verdadeiro rei absolutista, acima da lei e de tudo. Os honesto muitas vezes sentem-se atraídos a cair nas malhas da tentação, como se estivessem arrastados, indefesos, por uma lei natural segundo a qual, no fundo, provavelmente somos todos corruptos. O poder, demônio da tentação, sem dúvida é o mais difícil teste de resistência às delícias do crime. Alguns, com base numa rígida formação moral, am com louvor. Mas como o melhor caminho para livrar-se de uma tentação é ceder a ela, o Alexandre, fraco de espírito, cedeu.
Por que fracassou ilustre prefeito? Quem disse que o elegemos para malversar e fazer malabarismo com o dinheiro do município? Sucedendo a dois prefeitos-catástrofes no primeiro mandato, nós o elegemos como alguém capaz de resgatar o tempo perdido e repor Penedo nos trilhos do desenvolvimento, com uma istração ilibada, acima de qualquer suspeita. Acreditávamos que fosse capaz de alçar vôos e com a clara visão das alturas, ser inspirado pela ética, perceber a diferença entre o bem e o mal, sobressair-se entre a ralé dos corruptos, fazer parte dos poucos eleitos pela nobreza de caráter e firmar-se na história de Penedo, a altura de seus feitos assinalados. Quê decepção!!! Nada melhor traduz atualmente o nosso estado de espírito, abatido pela incredulidade e, como se estivéssemos totalmente sem rumo, e de fato estamos, fazer um tanto trágico a pergunta: E agora, Penedo, para onde?