
A data tem raízes em um episódio marcante da história operária mundial: a Greve de Chicago, nos Estados Unidos, em 1886 (Foto: Domínio Público)
O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, é muito mais do que um feriado no calendário. Sua origem remonta ao fim do século XIX e está profundamente ligada à luta por melhores condições de trabalho e justiça social. A data tem raízes em um episódio marcante da história operária mundial: a Greve de Chicago, nos Estados Unidos, em 1886.
O contexto histórico
Na década de 1880, os trabalhadores americanos enfrentavam jornadas exaustivas que podiam ultraar 14 horas diárias, sem direitos básicos como descanso semanal ou férias. Em meio ao crescimento industrial acelerado, surgiu um movimento sindical organizado que reivindicava a redução da jornada para 8 horas.
No dia 1º de maio de 1886, milhares de trabalhadores saíram às ruas em várias cidades dos EUA para exigir essa mudança. A maior mobilização ocorreu em Chicago, centro industrial do país. A manifestação, inicialmente pacífica, desencadeou uma onda de greves e protestos ao longo da semana, culminando no episódio conhecido como Revolta de Haymarket, no dia 4 de maio.
Durante um ato na praça Haymarket, uma bomba foi lançada contra a polícia, que respondeu com violência. O confronto resultou em mortes de civis e policiais. Vários líderes sindicalistas foram presos e condenados, quatro deles executados, mesmo com provas frágeis. Eles ficaram conhecidos como os Mártires de Chicago.
A internacionalização da luta
Três anos depois, em 1889, a Segunda Internacional – organização socialista formada em Paris – escolheu o 1º de maio como data oficial de homenagem aos trabalhadores e em memória aos eventos de Chicago. A proposta era transformar o dia em um símbolo da luta operária mundial.
Desde então, o 1º de maio ou a ser adotado em diversos países como o Dia Internacional do Trabalhador, embora nos próprios Estados Unidos a data oficial do “Labor Day” seja celebrada em setembro, para se distanciar das origens mais radicais do movimento.
A data no Brasil
No Brasil, o 1º de maio começou a ser celebrado ainda no início do século XX por movimentos anarquistas e socialistas. Em 1925, foi oficialmente reconhecido como feriado nacional por decreto do então presidente Artur Bernardes. A partir da Era Vargas, a data ou também a ser usada como instrumento político, marcada por anúncios de leis trabalhistas e benefícios à classe operária.
Mais do que um feriado
O 1º de maio é, até hoje, uma data de mobilização, reflexão e luta. Embora muitos direitos tenham sido conquistados, os desafios contemporâneos — como o trabalho informal, o desemprego e a precarização — mantêm viva a importância de lembrar as origens dessa data.
Mais do que uma celebração, o Dia do Trabalhador é um lembrete da força coletiva e da história de resistência que moldou o mundo do trabalho.
Por: Roberto Lopes